Por João Luis de Almeida
O rigor do inverno sulino
A vida no campo durante o inverno é uma experiência marcada pela resiliência e pela ligação íntima com a natureza. Os campeiros emponchados, enfrentam as geadas e o vento minuano mangueando chuvisqueiros que caracterizam essa estação. Envoltos em seus mantos de lã, eles enfrentam o frio cortante das madrugadas enquanto cuidam da gadaria, mantendo viva uma tradição que se passa de geração em geração.
O trabalho no campo não conhece folga, especialmente no inverno. Além de lidarem com o arame das cercas, nas rampas desbarrancadas que muitas vezes precisam de reparos para garantir a segurança dos animais, os campeiros também enfrentam o desafio de desatolar vacas nos mananciais e tantos outros afazeres. O campo, encharcado pelas chuvas constantes e banhadais, exigindo força e habilidade um esforço físico árduo, mas realizado com dedicação e um profundo senso de responsabilidade.
Apesar das dificuldades, a dureza do frio, há uma beleza inegável na vida no campo durante o inverno. As paisagens cobertas pelas geadas, o silêncio quebrado apenas pelo som dos animais, criam um cenário de tranquilidade e introspecção. A lareira ou o fogão a lenha acesos são mais do que fontes de calor, é um companheiro inseparável nas madrugadas geladas ou pelos finais de tarde, são pontos de encontro, onde causos são contados e laços são fortalecidos.
Para os campeiros, cada dia é uma prova de resistência, mas também um testemunho da sua capacidade de adaptação e do seu amor pelo ofício que escolheram. A vida no campo, com todas as suas adversidades, é vivida com orgulho e uma sensação de dever cumprido.
...O minuano anuncia o rigor antes de clarear
Levantando a geada que vai entanguindo o dia
O lagoão arrepiado espelha o cinza do céu
Um véu que esconde o sol pela manhã fria...
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...Nas canhadas geada na espera d’outra
“Tempito” velho cabresteado no rigor
Bombeio atento, sangas e banhados
Caso algum vacum atolado num sumidor...
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... Uma aragem gelada “invernito” sureño
Encaranga até alma com dias pequenos
“Ventito” mangueia o velho chuvisqueiro
Que atrapalha a lida e judia do campeiro...
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