Por João Luis de Almeida

A Encilha
Depois de uma madrugada a beira do fogo mateando paciente e matutando o dia de lida pela frente, o campeiro embuçala seu pingo na mangueira para o movimento da encilha um ritual riograndense pelos rincões e estabelecimentos rurais.

Antes de encilhar são necessários alguns cuidados com o animal, é apropriado passar no lombo uma escova, raspadeira ou mesmo o cabresto do buçal, uma maneira de revisar e acomodar a pelagem onde sentará os arreios (garras). 
A encilha é feita por diversas peças, o buçal, que prende, amarra e cabresteia o cavalo; sobre o lombo o xergão, carona, basto e arremata com a cincha (chincha); pelegos dois ou três a gosto e a sobrecincha formam a base da encilha, também a peiteira e o rabicho segurança para não correr os arreios, finalizando com o freio (cabeçada) e o laço nos tentos. Bueno assim diariamente se repete essa situação, que a tarde também é realizada.
A encilha estabelece segurança e conforto para que o campeiro e cavalo possam desempenhar a lida de campo.
Uma breve e resumida descrição sobre as peças que compreendem os arreios ou garras como faladas em determinadas regiões.
Buçal encerra a focinheira, cabeçada, fiador e cedeira; 
Baixeiro uma manta de lã conhecida também como xergão;
A carona de sola ou couro; O basto lombilho de cabeça pequena com um par de loros, tiras de couro cru, que prende os estribos ao travessão do lombilho, geralmente um cano de bota para carregar o “creolim” (creolina) e ou mata bicheira; Cincha ou Chincha um travessão com argolas em cada extremidade, barrigueira com fios de barbantes resistentes com argolas em cada ponta e prendidas aos látegos tiras de couro para apertar os arreios; Pelego de ovelha que vai em cima dos arreios; logo a sobrecincha tiras de couro, argolas, látegos e barrigueira que apertam ou pelegos;
O freio peça de ferro que adentra a boca do pingo seguido de cabeçada cingindo a cabeça do animal passando por trás das orelhas servindo para segurar o freio na boca; as rédeas tentos de couros trançados ou lisos presos ao freio no cavalo servindo para manejá-lo ou dirigi-lo;
Laço corda trançada de tiras de couro que vareiam o comprimento entre oito a dezoito braças, atadas com tentos presos ao basto ou lombilho.
Relho (rebenque, mango, rabo-de-tatu) chicote com cabo de madeira e açoiteira de trança semelhante ao laço.
Obs. Badana uma peça de couro macia que se coloca sobre os pelegos, utilizado em algumas regiões do estado.

...Embuçalo o pingo lubuno
Sestroso, mordedor, coiceiro
Baldoso vinha se negaceando
Bufando e louco de caborteiro

Sentei o xergão, carona, basto
Com látego apertei o cinchão
Inchou o lombo e me pateou
Se empinou e prendi-lhe o tirão...
 

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