Fazendo Lenha
Fazendo Lenha
O processo de fazer lenha para o inverno, desde afiar o machado até estocar para queimar nos fogões era o ano inteiro, principalmente no verão estocando nos galpões. Essa atividade era e ainda persiste por alguns rincões sendo essencial nos estabelecimentos rurais, garantindo o calor e o conforto das famílias durante os dias frios.
No contexto histórico, a figura do lenhador era vital para a sobrevivência das pessoas que viviam nas áreas rurais. Ele era responsável por abastecer as casas com lenha, um recurso fundamental para cozinhar alimentos, aquecer ambientes e até mesmo para iluminar as noites escuras. O uso do machado, da pedra de afiar e do facão demonstra a simplicidade e a rusticidade desse trabalho, que exigia força física e habilidade.
Além disso, as práticas tradicionais como amarrar um panito encarnado no pulso, que podia ter um significado simbólico ou prático de proteção, (simpatia ou como pulso aberto, para firmar). Esses elementos culturais enriquecem e nos convidam a refletir sobre as tradições passadas de geração em geração.
Ao longo do desenvolvimento do campo, indivíduos influentes, humildes como Alencar, João, Delclécio e outros tantos lenhadores anônimos Rio Grande adentro representavam a força de trabalho e a determinação dos trabalhadores rurais. Eles dominavam técnicas específicas para cortar lenha de forma eficiente e segura, garantindo que suas famílias não passassem frio no inverno. Esses lenhadores eram verdadeiros heróis locais, cujo trabalho muitas vezes era subestimado, mas de extrema importância.
A atividade de fazer lenha também tinha um impacto no meio ambiente, já que envolvia o manejo de árvores e da vegetação nativa. O machado golpeando a carne das árvores ressoava pelas matas e canhadas, enquanto os troncos eram transformados em lenha para aquecer os lares. Esse equilíbrio entre a necessidade humana de calor e a preservação da natureza é uma reflexão importante nos dias de hoje, em que a sustentabilidade é uma preocupação global.
Portanto, fazer lenha nos leva a imaginar os fogões fumaceando nas casas e nos galpões durante os invernos rigorosos. O cheiro característico da lenha queimando acende memórias de aconchego e conforto, apresilhadas às tradições antigas de sobrevivência. No entanto, também nos faz refletir sobre a evolução tecnológica e os novos métodos de aquecimento que substituíram a lenha, tornando essa prática cada vez mais rara.
Fazendo lenha nos lembra da importância do trabalho árduo e da ligação com a natureza que as atividades rurais proporcionavam. Os lenhadores, trabalhadores do campo, cuja dedicação e esforço foram e são de fundamental importância para a manutenção dos ranchos, casas e comunidades.
Sobre a pedra de afiar
Num final de madrugada
Pelas mãos do Alencar
Caneca d’água e facão
Simpatia ou segurança
No pulso bem amarrado
Vai ao mato na lenheira
Pra empeçar o cortado
Quando chegar o inverno
"Ta" com estoque dobrado
Pelo lombo das auroras
O machado golpeando
Num picador de corunilha
Era lenha se formando
O taque-taque ecoava
Na carne das pitangueiras
Sinas-sina e canjeranas
Espinilhos e aroeiras
Pra fumacear chaminés
Das casas e dos galpões
No rigor das invernias Reascendendo fogões Rilha o fio do machado Um panito encarnado
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