Nostalgia de campo num finalzito de tarde
Nostalgia de campo num finalzito de tarde
Num finalzito de tarde, somos cativados ora pelas cores vibrantes e sons suaves, ora pelo tom cinza e emponchados de nuvens, um cenário perfeito para reculutarmos essa saudade das origens e a importância desse sentimento em um mundo tão acelerado. Esse espetáculo natural nos leva a recordar momentos passados, quando a vida era menos complicada e as preocupações pareciam distantes. As memórias de correr descalço no pasto de bombacha remendada, de colher frutas diretamente do pé, de apojar a terneirada, de juntar a cavalhada com o petiço piqueteiro no potreiro ou de ouvir o canto dos pássaros ao amanhecer se entrelaçam com a visão desse entardecer, criando um sentimento profundo de saudade, dos nossos anteriores e seus afazeres.
A nostalgia, nesse contexto, não é apenas uma lembrança, mas uma forma de resistência a um estilo de vida que muitas vezes ignora a importância do contato com a natureza. A correria das cidades grandes nos faz esquecer do valor do silêncio, da contemplação e da simplicidade. O campo, com sua tranquilidade, nos ensina a desacelerar e a valorizar momentos que, embora simples, são profundamente significativos. A imagem de um entardecer no campo nos convida a parar e a apreciar a beleza ao nosso redor, algo que muitas vezes negligenciamos em nosso cotidiano atribulado. As silhuetas que se moldam lentamente pelo escuro da noite, fazem com que possamos transcender o tempo, abraçar as saudades, preencher vazios e mais do que isso nutrir nossa alma de pampa em meio a nostalgia.
Ao recordarmos dessas vivências, reconhecemos a importância de preservar não apenas o meio ambiente, mas também a cultura e os modos de vida que dela dependem. O entardecer no campo se torna, assim, um símbolo de resistência à globalização que se assemelha as experiências e apaga particularidades, no entanto acende esperanças de um tempo tão precioso e fundamental a todos nós.
Por fim, a nostalgia do campo nos ensina sobre a impermanência e a beleza das pequenas coisas. Assim como o entardecer é um momento que antecede a noite, nossas memórias e experiências também são efêmeras, mas carregam um valor inestimável. Ao olhar para o horizonte, onde o sol se despede do dia, somos lembrados de que é possível encontrar beleza e significado nas transições da vida. Essa reflexão é vital para matutarmos, quem somos e de onde viemos; numa ligação com nossas raízes e com todo contexto de campo. Esse sentimento, longe de ser apenas uma saudade do passado, é uma chamada à ação para valorizarmos as experiências simples e autênticas que moldam nossa identidade e a sabedoria das tradições que nos sustentam.
NOSTALGIA DE PAMPA E LUA
“Finalzito” de lida tarde lubuna
A “luazita” cheia estende o manto
No juncal da lagoa frente “as casa”
A saparia vai afinando o canto
O “barrerito” triste abre o bico
Na porteira entoando uma prece
Sonolenta se aprochega à noite
A passarada aos poucos adormece
A nostalgia pampeana se agranda
No ponteio da guitarra do peão
Vertendo de sua alma acrioulada
O som da inquietude e solidão
Inspirados na claridade da lua
Que adentra as frestas do galpão
Manuseando antigos sentimentos
A soga no potreiro do coração
“Luazita” cheia silente rutila
Sonhos lindos do tempo de criança
Despertando alegrias e tristezas
Encerradas no baú da lembrança
“Luazita um acalanto noiteiro
Encanto que a serena o olhar
Diante os devaneios e mistérios
Embala a pampa pra descansar