O Campo e suas vozes
O campo e suas vozes
O campo e suas vozes são um cenário de tranquilidade e simbiose com a natureza, onde cada som conta uma história e contribui para a sinfonia rural. Na quietude da madrugada, pequenos barulhos começam a emergir, preenchendo o galpão com uma melodia única. Os estalos dos gravetos ao serem consumidos pelas labaredas, o chiar das cambonas aquecendo a água para o mate, e o ronco abafado do chimarrão sendo sorvido, são sons que evocam sentimentos de aconchego e tradição. Um “grilito”, discreto, se junta à orquestra, enquanto lá fora, um galo abre o bico anunciando a chegada do novo dia.
Um “ventito” suave agita os galhos das árvores, assobiando de leve nas frestas, enquanto as primeiras luzes do amanhecer começam a despontar. Os raios de sol beijam o topo das coxilhas, e a passarada, em um coro harmonioso, desperta o dia com suas cantorias. A madrugada, então, se despede, cedendo lugar ao alvorecer que se instala lentamente. Na mangueira, uma vaca leiteira berra chamando a cria, e uma ou outra resposta ecoa na canhada, completando o quadro bucólico de um amanhecer no campo.
O peão com o piqueteiro junta a cavalhada no potreiro para entrar em forma na mangueira. Os relinchos dos cavalos, os bufidos, coices e pisoteadas fortes formam uma nova composição, harmonizando a rotina da encilha. O campo e suas vozes, em sua simplicidade e autenticidade, narram a vida que desperta e se desenrola, criando uma sinfonia natural dia adentro, que toca a alma e celebra a beleza do cotidiano rural...
Em suma, as vozes do campo são um tesouro cultural que merece ser preservado e valorizado. São elas que nos unem com a terra, com as tradições e com a história de um povo. É através dessas vozes que podemos compreender a essência e a riqueza do mundo rural, e é nosso dever protegê-las e dar-lhes o devido reconhecimento.
...No campo até o silêncio tem voz. Mesmo “solito”, nunca estamos sós...
Um fogo grande e uma cambona chiando
Prosas e roncos de mate na madrugada
Um “grilito” num contraponto galponeiro
O canto dos sapos na lagoa empastada
O movimento dos arreios para encilha
Bufidos de pingos e o mascar de freios
Tinidos de esporas no chão dos galpões
E alguns latidos da cuscada pelo meio...
... O barulho dos galhos roçando um no outro
A sanga funda dia e noite murmurando
O entoar dos pássaros na copa das árvores
Ventito minuano pela pradaria soprando...
... Berro de touro ressoa na canhada
Tocado pelo “ventito” campesino
A liberdade dos potros retouçando
Pelo lombo do tempo sem destino...