O Doce Desse Amargo Me Faz Bem
Por Mário Terres
Deuzulivreguarde, que saudade. O Chê cervejeiro não veio falar de música, apesar do título, veio falar de cerveja e cerveja amarga.
Credo, não franze a testa nem bota a língua pra fora, fazendo carinha de nojo, cerveja com amargor ressaltado tem seu valor e não é pra qualquer chambão.A cerveja nasceu como uma bebida suave, levemente adocicada, antigamente ela recebia outros aditivos além do malte.Tinha cerveja que recebia mel, outras que recebiam canela, anis, entre outros, tudo isso era feito para adicionar mais sabor ou cor na cerveja. As vezes para aumentar o teor alcoólico também colocavam aditivos.
Bueno a cerveja fica adocicada porque nem todos os açucares do malte conseguem ser fermentados no processo de fermentação, esse dulçor deixaria a bebida enjoativa, as pessoas beberiam menos.
Como a indiada é loca de esperta, ao longo dos anos foram misturando ervas, condimentos, pata de barata, asa de morcego, pelo de capivara, dente de zorrilho, fazendo de tudo que é esquisitice pra que a cerveja ficasse mais agradável e que desse para tomar bastante, na realidade estavam tentando tornar a bebida mais amarga e de aroma agradável, tipo “Seiva de Alfazema” em pescoço de guayna.
Se tratando de criatividade, foram colocando esses yuyos todos até que se encontrou no livro Physica sive Subtilitatum, escrito pela monja alemã Hildegard von Bingen um registro do famoso lúpulo.
O lúpulo que é uma flor tem propriedades de conservação e proporciona a bebida além do aroma um amargor que permite sua ingestão sem enjoar pelo efeito da doçura.
Depois que descobriram que essa flor mágica tinha todos esses poderes (conservação, aroma e amargor) não deixou mais de fazer parte das receitas de cerveja, toda a bebida produzida tem lúpulo em sua composição.
Essa florzinha não é fácil não, ela tornou-se o ingrediente mais caro da receita e tem difícil produção pois demanda cuidados especiais.
Voltando ao tema principal, as cervejas buscam adequar-se ao gosto de todos e assim ganham cada vez mais adeptos a degustação da bebida.
Para cada estilo há um padrão de amargor e os aficionados por cervejas amargas adoram uma American Pale Ale (APA), uma India Pale Ale (a IPA) ou uma Imperial India Pale Ale.
Assim como o doce nos desperta geralmente algo de agradável ao cérebro, o amargo traz repulsa e a combinação desses dois na medida certa nos proporciona prazer ao beber uma cerveja bem gelada.
E como se mede o amargor da cerveja?
Chê loco pensei que tu não ia perguntar, mas já largo de um upa. O IBU é a medida do amargor de cada cerveja IBU vem do inglês International Bitterness Unit (Unidade Internacional de Amargor), se a indiada antiga descobriu que as flores milagrosas do lúpulo que eram responsáveis pelo amargor, então o grau de amargor de uma cerveja está diretamente ligado à quantidade de lúpulo utilizado na sua produção. Por ser o insumo mais caro para produzir a bebida maravilhosa, quem gosta de cerveja mais amarga acaba tendo que froxá mais a guaiaca e sacar os pila.
Como saber se a cerveja é suave, amarga, muito amarga?
Bueno te acalma, a gente vai te ajudar, tem uma relação básica que tu pode seguir chê: Quando for comprar tua cerveja olha lá na garrafa ou na latinha e se tiver entre 10 e 15 IBU você tem à mão uma cerveja pouco amarga, com algo próximo de 35 IBU temos o sabor do lúpulo mais realçado. Mais de 40 IBU pode-se dizer que é uma cerveja forte, bem lupulada e, portanto, bem amarga. Quando o IBU ultrapasso o 60, sua cerveja é fumeta, daquelas de dar um gole e pretiá os zóia da gatiada, super lupulada e muito amarga, coisa de quem gosta mesmo.
Bueno vai lá e compra uma de cada e experimenta, depois me fala.
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