Tormentas no campo
Tormentas no Campo
Com o fim do inverno e a chegada do calor, a umidade do ar aumenta, o que favorece a formação de nuvens carregadas e temporais. Esses eventos são geralmente imprevisíveis, surgindo muitas vezes no final das tardes, depois de dias quentes e abafados. Os temporais e aguaceiros na primavera no campo são fenômenos comuns, assustadores e marcantes, o dia virando noite abaixo do mau tempo.
O campeiro, conhecedor da natureza e das intempéries do clima, representa a resistência e a força diante dos desafios naturais. O impacto da tormenta é sentido de maneira intensa, com a necessidade de se abrigar e se proteger do temporal, enquanto o cenário se transforma com raios, trovões e vento.
Destaca-se a importância de se valorizar e preservar a cultura e tradições dos anteriores sendo seguidos pela nossa gente de campo, que estão intrinsecamente ligados à natureza e aos elementos naturais. A união entre fé, tradição e conhecimento prático sobre o clima e a terra são fundamentais para a sobrevivência e prosperidade diante as adversidades climáticas. As rezas e simpatias passado de geração em geração perduram ainda nos dias de hoje, como forma de proteção dos ranchos, estabelecimentos e os pagos do nosso Rio Grande do Sul adentro.
É uma reflexão sobre a relação entre o homem e a natureza, a fé e a tradição, e a importância de se manter vivas as raízes e os valores que nos conectam com a terra e com o divino. É um convite para mergulhar no universo do campo e da vida rural, compreendendo as situações enfrentadas quando se vive no campo em meio aos temporais que se apresentam nessa estação da primavera em diante.
...Uma trovoada rompe o silêncio
A meia tarde pelas invernadas
O céu ao tranco foi escurecendo
E encardindo por nuvens pesadas...
A gadaria pressente a viração
Se movimentando para canhada
Um lote de garças mudou o rumo
Numa cena de campo alubunada
O poeirão se reboleia num pelado
No firmamento uma garoa cerrada
O arvoredo se envergou pelo vento
E a várzea ficou toda encharcada
O céu lindo azulado
Começou a escurecer
O dia nublou ligeiro
Parecia anoitecer
Entre raios e trovoadas
“Cosa” feia de se ver
São Jerônimo, Santa Bárbara!
José, Jesus e Maria...
Nos “protege” da tormenta
Que já vem se rebolcando
Largando água das “venta”
Deus queira cruze por “riba”
Essa armação violenta
Na estância Dom Maciel
Preparava a simpatia
Cruz de erva no balcão
Com o machado benzia
No oitão da casa grande
Pra quebrar a ventania
Formou-se o temporal
Onde na várzea os campeiros
Desemalaram os ponchos
Num trotão velho chasqueiro
No más, bateram na marca
Debaixo do aguaceiro